Estudo sobre Apocalipse 20

Estudo sobre Apocalipse 20
Esse é o capítulo dos "mil anos" (mencionado seis vezes nesse capítulo) que descreve o milênio. Em latim, a palavra "milênio" significa "mil anos". Alguns estudiosos bíblicos sinceros negam que haverá um reinado real de Cristo de mil anos na terra. Eles preferem "espiritualizar" as profecias do reino do Antigo Testamento e aplicá-las à igreja. Todavia, tenho diversos motivos para crer que haverá um reinado de mil anos real na terra: (1) para cumprir as promessas feitas a Israel no Antigo Testamento (Lc 1:30-33); (2) para dar uma demonstração pública da glória de Cristo para as nações da terra; (3) para responder à oração dos santos "Venha o teu reino"; (4) para cumprir a promessa de que os santos da igreja reinarão com Cristo; (5) para realizar a total redenção da natureza prometida em Romanos 8:19-22; (6) para dar à humanidade um julgamento final sob o governo soberano de Cristo.

I. Antes do milênio (20:1-5)

A batalha de Armagedom acabou, e a besta e o falso profeta foram lançados no inferno. Cristo segurou a antiga serpente, Satanás, e prendeu-a no abismo. Alguns seguidores de Satanás já estavam presos (2 Pe 2:4; Jd 6), e, agora, a "antiga serpente" está presa. A besta emergiu do abismo (17:8) e foi lançada no inferno; todavia, o julgamento final de Satanás ainda está por vir.

Os santos da tribulação que deram a vida no serviço fiel a Cristo ressuscitam após a prisão de Satanás. Pela descrição de Daniel 12:1-3, parece que, nesse ponto, também os santos do Antigo Testamento ressuscitam. Como os santos do Antigo Testamento não são membros do corpo de Cristo, a igreja, eles não são necessariamente ressuscitados junto com os santos no arrebatamento. Portanto, nesse momento da história, todas as pessoas salvas ressuscitam para reinar com Cristo. Esse evento é conhecido como a primeira ressurreição. Ele se estende do arrebatamento da igreja (1 Ts 4:13ss) à ressurreição dos santos, descrita em Apocalipse 20:4. Todas as pessoas salvas são levantadas da morte na primeira ressurreição e não experimentarão a segunda morte, o inferno. Veja João 5:24-29.

Os santos do Antigo Testamento criam na ressurreição da morte, mas não sabiam nada a respeito da "ressurreição dentre os mortos", ensinada no Novo Testamento (veja Mc 9:9-10). A Bíblia não menciona uma "ressurreição geral". Na primeira ressurreição, todos os salvos são ressuscitados (em tempos distintos); o perdido será levantado da morte na segunda ressurreição. Entre a primeira e a segunda ressurreição, haverá um período de mil anos. Preparam-se os tronos, e a nação de Israel purificada, a igreja e os santos da tribulação reinarão com Cristo. Mateus 25:31-46 deixa claro que os gentios vivos serão julgados antes do início do milênio. Os crentes gentios (ovelha) provarão sua fé pelo amor e pela ajuda aos crentes judeus ("meu irmão"). Os gentios salvos usufruirão do júbilo do reino que Deus prometeu para o seu povo, Israel.

II. Durante o milênio (20:6)

O reino milenar será o governo divino do céu sobre a terra. Cristo governará com "cetro de ferro" e não permitirá nem injustiça nem pecado. Jerusalém será o centro do reino (Is 2:1-4), e os discípulos reinarão com Cristo (Mt 19:28). Israel estará em sua terra compartilhando a glória de Cristo, seu Rei justo. Haverá paz na terra entre homens e animais (Is 11 -.7-9 e 54:13-14). Todas as pessoas terão o trabalho que mais se ajusta a elas, e a terra terá eficiência e alegria perfeitas e abundantes. Claro que nascerão crianças com natureza pecaminosa, já que os homens que estão na terra ainda são humanos (com exceção da igreja e dos santos ressuscitados, os quais têm corpo glorificado). No fim do milênio, ainda haverá muitas pessoas que obedecem a Cristo apenas no exterior, porém não se entregam de coração a ele. Um dos principais objetivos do milênio é provar, de forma definitiva, que a humanidade não pode ser mudada, mesmo sob um governo perfeito e em um ambiente perfeito. Pois, ao término dos mil anos, Satanás conseguirá recrutar um exército enorme para rebelar-se contra Cristo! Nada pode mudar as pessoas, se a graça de Deus não consegue fazer isso.

Os santos reinarão com Cristo como reis e sacerdotes, e o servirão em vários âmbitos durante o milênio. A extensão de nossas responsabilidades gloriosas durante a era do reino será determinada por nossa fidelidade hoje (Mt 25:14-30; Lc 19:11-27).

III. Depois do milênio (20:7-15)

A. A batalha final (vv. 7-10)
Satanás será solto no fim dos mil anos e reunirá um exército enorme para lutar contra Cristo. Essa rebelião prova que um governo perfeito não muda o coração humano, e os pecadores seguirão Satanás. Essa não é a batalha de Gogue e Magogue que acontecerá no final da primeira metade da tribulação (Ez 38— 39) e resultará na vitória da besta sobre a Rússia e o Egito. Talvez, agora que a besta e o falso profeta sofrem a punição eterna, essa batalha envolva a Rússia (Gogue e Magogue) como a principal força. Esses exércitos atacarão a Jerusalém milenar, mas um fogo vindo do céu os consumirá. Satanás será capturado e jogado no lago de fogo para sempre. Veja que a besta e o falso profeta, mil anos após sua condenação, ainda sofrem no inferno. Esse é um lugar de tormento eterno.

B. O julgamento final (vv 11-15)
Agora, João vê um trono de julgamento. O trono é grande porque todos os pecadores da história ficarão de pé diante dele. A cor branca representa a santidade imutável de Deus, e o Senhor não atenta para as pessoas por causa da posição delas. O pecador não tem onde se esconder, pois o céu e a terra sumiram! O Juiz sentado no trono é Jesus Cristo (Jo 5:22-23). Hoje, ele é o Salvador do mundo; nesse dia, será o Juiz justo.

Há uma ressurreição. A morte entrega o corpo dos pecadores perdidos, e o "além" (do grego hades), a alma deles. Esse breve momento, em que o corpo e a alma dos pecadores perdidos se juntam diante do trono de julgamento de Cristo, será o único alívio que esses pecadores conhecerão antes de serem jogados no inferno! Não haverá escapatória; todos os pecadores perdidos, os pequenos e os grandes, os ricos e os pobres, estarão lá (Hb 9:27).

Que relatos bíblicos estão envolvidos nesse julgamento final? De acordo com João 12:48, a Bíblia estará lá. No último dia, a Palavra que, hoje, os pecadores ouvem e rejeitam os julgará. Todo aquele cujo nome não estiver no Livro da Vida será jogado no inferno (v. 15). Também estará presente no julgamento o livro que contém todas as obras que a pessoa fez. Deus é um Juiz justo. Ele guarda um registro das obras de todos e punirá cada um com justiça. Sem dúvida, aqueles que conhecem a verdade e lhe desobedecem de forma deliberada serão punidos com mais severidade que os que não a
conhecem. Da mesma forma que o céu terá graus de recompensa, o inferno terá graus de castigo (Mt 11:20-24). As boas obras não salvarão os pecadores, todavia Deus julgará suas obras com justiça e lhes dará a punição justa no inferno.

Os pecadores não terão chance de se defender. Eles se postarão em silêncio diante de Cristo quando os livros forem abertos e os fatos revelados (Rm 3:19). Deus não avaliará o bom em relação ao mal; ele proferirá a sentença de condenado para todos os perdidos. Todos os que passam pela segunda ressurreição encaram a segunda morte — o inferno eterno.


Agora, depois de julgar Satanás e o pecado e de eliminar a desobediência do homem, Deus introduzirá o novo céu e a nova terra — a bem-aventurança eterna para o seu povo.