Explicação de Apocalipse 4
Apocalipse 4
4:1-3. Exatamente como o livro do Apocalipse
começa com uma referência ao trono de Deus, e a carta a última das sete igrejas
termina com uma referência ao trono de Cristo, aqui, a primeira grande visão
profética começa com a declaração, e eis armado no céu um trono (Dn. 7:9). Um
trono é o símbolo do governo e poder. João tenta registrar uma visão de Deus
semelhante a que foi vista por Moisés (Êx. 19:9,19), por Isaías (6:5), e por
Ezequiel (1:26-28). O vidente compara o que viu a três pedras: jaspe, uma pedra
transparente como vidro ou cristal de rocha; a sardônica, vermelha; e a
esmeralda, verde. No peitoral do sumo sacerdote a primeira e a última pedras
eram a sardônica e jaspe (Êx. 28:17, 20). Sugeriu-se que estas pedras
representam santidade, ira e misericórdia. À volta do trono havia um arco-íris,
o qual fala de graça, ou, como diz Hengstenberg, "da graça que retoma
depois da ira".
4,5. O primeiro grande grupo celestial deste
livro está sendo agora apresentado: vinte e quatro anciãos assentados sobre
vinte e quatro tronos situados à volta do trono de Deus (veja também 11:16),
vestidos de vestes brancas e usando coroas (stefanoi) de ouro. Stefanoi eram
coroas concedidas aos vencedores. Tem-se identificado estes anciãos de muitas
maneiras, mas a maioria concorda com Govett de que são "conselheiros
reais, conhecedores dos propósitos do rei, e capazes de transmitir inteligência
a João, o servo de Deus" (Robert Govett, Lectures on the Apocalypse, in
loco). Vinte e quatro como número simbólico só se encontra no Apocalipse, e só
em relação a estes anciãos (5:8; 11:16; 19:4). (Para uma discussão detalhada da
identidade dos anciãos, veja G.H. Lang, The Revelation of Jesus Christ, pág,
124-136). Do trono partiam relâmpagos, vozes e trovões, e, além disso, João viu
sete lâmpadas de fogo, que ele identifica como símbolos dos sete espíritos de
Deus. O conceito dos sete espíritos de Deus certamente se refere à perfeição e
plenitude das atividades da Terceira Pessoa da Deidade.
6,7. Diante do trono havia um mar de vidro
(cons. Êx. 24:10), indicando, ao que parece, de que tudo o que o mar antes
representava – tempestades e ondas traiçoeiras, simbólicas da agitação entre os
povos da terra – estava agora subjugado. Outro grupo, quatro seres viventes, é
apresentado – um semelhante a um leão, um semelhante a um bezerro, um com o
rosto de homem, e um semelhante a uma águia voando (parecidos com os de Ez.
1:5-14, 15-22; 10:20-22). Swete, com característica concisão, diz
acertadamente, "As quatro formas sugerem o que há de mais nobre, mais
forte, mais sábio e mais rápido na natureza animada. A natureza, incluindo o
homem, está representada diante do trono tomando parte no cumprimento da
vontade divina e na adoração da majestade divina" (H.B. Swete, The
Apocalypse of St. John, in toco). Eles reaparecem em Ap. 6:7; 7:11; 14:3; 15:7;
19:4.
8-11. Com a apresentação das quatro criaturas
viventes, temos o primeiro dos vinte hinos, como poderiam ser chamados,
cantados pelos diversos grupos celestes através do livro do Apocalipse. Cinco
deles estão nestes dois capítulos prefaciando a abertura dos selos. Os dois
primeiros são hinos a Deus: um é cantado pelas criaturas viventes atribuindo
santidade a Deus (4:8) e o outro pelos vinte e quatro anciãos reconhecendo Deus
como Criador. As palavras iniciais do primeiro hino fazem-nos lembrar de Is.
6:3, tecnicamente conhecido na antiga hinologia como o Trisagion. O terceiro e
quarto são hinos ao Cordeiro, cantados pelos dois grupos que acabamos de
mencionar, reconhecendo que o Cordeiro é digno de abrir o livro (Ap. 5:9, 10;
5:11, 12). O quinto hino é cantado a ambos, Deus e o Cordeiro, por "toda
criatura que há. no céu e sobre a terra, e debaixo da terra' (v. 13),
atribuindo-lhes bênçãos, honra, glória e domínio.