Explicação de Apocalipse
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Apocalipse 1
1:1-8. Embora a idéia exata de cartas às sete
igrejas não se encontre realmente no capítulo 1, no versículo 4 temos a frase,
João, às sete igrejas que se encontram na Ásia, e mais adiante (v. 11) João
recebe a ordem de escrever o que ele vê e enviá-lo às sete igrejas. A
localização das sete igrejas é examinada no comentário do capítulo 2.
O capítulo 1
contém uma revelação rica, quase ofuscante do próprio Jesus Cristo. Os
versículos 4-8 apresentam três descrições básicas de Cristo. Parece que João
descreve o Cristo que ele conhece, pois não há nenhuma indicação de que ele
recebesse aqui alguma revelação especial. Este é o Cristo do passado, do
presente e do futuro, conforme apresentado na frase, daquele que é, que era, e
que há de vir (v. 4). No passado, Cristo foi a fiel testemunha e o primogênito
dos mortos; no presente, Ele é àquele que nos ama e nos libertou dos nossos
pecados (v. 5); no futuro, vem com as nuvens e todo olho o verá ... e todas as
tubos da terra se lamentarão sobre ele (v. 7). A declaração de que Cristo nos
constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus (v. 6) é a declaração básica de
Êx. 19:6, séculos mais tarde citada por Pedro (I Pe. 2:5, 9). A passagem
referindo-se ao futuro tem dupla referência no V.T.: em Dn. 7:13 o Filho do
homem é descrito vindo com as nuvens, e o fato de que todos o verão está em Zc.
12:10, 12. A palavra aqui traduzida para traspassaram aparece em outra passagem
do N.T. apenas em Jo. 19:37 (cons. Zc. 12:10).
Sempre achei que
a frase, o soberano dos reis da terra (1:5), é o título-chave para Cristo no
livro do Apocalipse. Muitos outros reis são mencionados neste livro: reis de
nações que saíram para lutar contra o Cordeiro, o rei do abismo, etc. Não há
nenhuma indicação até o final do livro de que os reis da terra reconheçam
Cristo como o Rei dos reis. Na verdade, o livro do Apocalipse é quase um
registro do cumprimento deste título de Cristo com a final preeminência para a
qual o título aponta.
9-11. Temos aqui as palavras que Cristo falou
ao apóstolo, uma breve ordem a que registrasse o que veria, e instruções a que
enviasse a transcrição quando terminada. Não há nenhuma dúvida de que o dia do
Senhor aqui (v. 10) refere-se ao dia que conhecemos por domingo.
12-19. Nesta descrição do Senhor que ascendeu
ao céu, o Cristo que João viu estava andando no meio dos sete candeeiros de
ouro, os quais representam simbolicamente as sete igrejas (veja v. 20). Aqui
como em Dn. 7:13, nosso Senhor é chamado de filho de homem (Ap. 1:13), um
título que só se encontra em mais uma passagem deste livro (14:14). As diversas
frases usadas na descrição do Cristo são extraídas principalmente de Dn. 7:9,
13; 10:5, 6; Ez. 1:24. Toda a descrição nos dá em primeiro lugar uma esmagadora
impressão de onipotência, e então certos símbolos nos levam a pensar no juízo,
como a chama de fogo, o latão reluzente e a espada de dois fios.
Cristo
identifica-se com o título o primeiro e o último (Ap. 1:17), um título usado
com referência ao próprio Deus em Is. 44:6; 48:12. Observe que Cristo apresenta
as razões por que aqueles que são seus não devem temer: 1) Ele é o Primeiro e o
Último, e aquele que vive; 2) Ele estava morto, mas viveu novamente; e 3) Ele
tem as chaves da morte e do Hades (vs. 17, 18). Se Ele é o Primeiro e o Último,
então Ele é o Cristo da criação no passado, e Aquele que vai levar todas as
coisas à divinamente ordenada consumação no fim. Ele permanecerá quando todos
os Seus inimigos já tiverem sido derrotados, e Satanás e toda a sua corte
estiver derrotada para sempre. O fato de ter estado mono,identifica Cristo com
a mais trágica de todas as experiências humanas. Nenhum simples ser humano pode
vencer a morte – mas Cristo pôde. Assim como Ele esteve morto mas agora vive,
nós, que somos Seus, embora morramos, estaremos para sempre vivos com Ele. O
fato dEle ter as chaves da morte e do inferno certamente implica em que o
destino das almas humanas está sob a jurisdição de Jesus Cristo.
O versículo 19
foi interpretado por muitos como indicando uma divisão tripla, do livro do
Apocalipse, na qual as coisas que viste referem-se ao capítulo 1, e as que são,
às sete igrejas nos capítulos 2 e 3 e as que hão de acontecer depois destas, ao
restante do livro. Na verdade, esta classificação não ajuda muito na
interpretação. Deve-se lembrar, entretanto, que as palavras aqui traduzidas
para depois destas, meta tauta, aparecem nove vezes no livro do Apocalipse
(4:1; 7:1; 7:9; 9:12; 15:5; 18:1; 19:1; 20:3).
20. Não estamos absolutamente seguros do
que João quis dizer com a declaração as sete estrelas são os anjos das sete
igrejas. Esta palavra traduzida para anjo aparece setenta e seis vezes no
Apocalipse. Fundamentalmente, a palavra significa mensageiro. Alguns crêem que
simplesmente se refere a alguma,pessoa de liderança em cada igreja; outros
dizem que implica em que cada igreja tem o seu anjo representante no céu. Estes
"anjos" são pelo menos aqueles através dos quais estas mensagens
deveriam ser enviadas às sete igrejas.
O termo Ásia,
E.R.C. (v. 11) tem tido diversos significados através dos séculos. No N.T.,
Ásia, E.R.C., era o nome da província romana localizada no extremo oriente do
que hoje se chama de Ásia Menor. Era a maior e a mais importante de todas as
províncias romanas desta área, abrangendo os distritos da Cária, Lídia e Mísia.
As sete igrejas mencionadas nas cartas estavam todas localizadas no
centro-oeste desta província. Começando por Éfeso no sudoeste e dirigindo-se
para o noroeste, chegamos a Esmirna e Pérgamo; voltando-se para o leste e sul,
chegamos a Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia. Um círculo ao redor dessas
cidades não teria um raio superior a sessenta milhas. Que essas canas do Senhor
ressuscitado deveriam se dirigir às igrejas na Ásia não é difícil de entender,
uma vez que foi lá que João morou durante muitos anos, e sem dúvida era bem
conhecido pelas igrejas desta área. Por que estas igrejas em particular foram
escolhidas, não temos certeza. Paulo passou um longo período em Éfeso na sua
terceira viagem missionária (Atos 19; 20:16, 17); Lídia era de Tiatira (Atos
16:14); e Epafras trabalhava em Laodicéia (Cl. 2:1; 4:12-16). Contudo, nada
sabemos do trabalho de Paulo em seis dessas sete cidades, e quatro delas não
aparecem em nenhuma outra passagem do N.T. Mais ainda, sabemos que existiam
igrejas, no fim do primeiro século, em algumas cidades da Ásia que nunca foram
mencionadas no N.T. Antes que Paulo completasse sua terceira viagem
missionária, "todos os que habitavam na Ásia ouviram a palavra do Senhor
Jesus, assim judeus como gregos" (Atos 19:10, 26).
Todas estas
cartas seguem a mesma seqüência. Cada uma começa com uma frase descritiva do
Cristo exaltado, que se dirige às igrejas; e cada frase descritiva se encontra
no capítulo precedente na narrativa que João faz de sua visão do Cristo
ressuscitado. Em cada carta, com exceção das que se dirigem a Laodicéia e
Sardes, as primeiras palavras de Cristo são de recomendação. Esta recomendação
sempre se segue de alguns detalhes relacionados com a condição da igreja,
resultando em alguma reprimenda ou advertência – com exceção de Filadélfia e
Esmirna, que não recebem reprimendas. Cada carta conclui com uma promessa
àqueles crentes que vencem.
Observe as
muitas referências às coisas de Satanás: duas vezes lemos "a sinagoga de
Satanás" (2:9; 3:9); em Pérgamo estava "o trono de Satanás"
(2:13); na carta a Tiatira menciona-se "as profundezas de Satanás"
(2:24); em relação a Esmirna, adverte-se que o diabo lançaria alguns deles na
prisão. Além disso, encontramos referências à maldição dos nicolaítas, a presença
dos perniciosos ensinamentos de Balaão (2:14), e a repreensão feita a Tiatira
por suportar a presença de alguém chamada Jezabel (2:20).
Por três motivos
abstenho-me, neste rápido exame do Apocalipse, de um estudo detalhado de cada
uma dessas cartas: Em primeiro lugar, estes dois capítulos não apresentam
maiores problemas escatológicos, enquanto que o significado exato de algumas
das promessas que aqui se encontram, se fossem examinadas, exigiram comentários
extensos. Em segundo lugar, estas cartas são muito mais usadas em mensagens
expositórias do que qualquer outra parte deste livro, e são mais ou menos
conhecidas da maioria dos estudantes da Bíblia. Em terceiro lugar, para
discutir os elementos históricos relevantes de cada uma destas cidades, eu me
obrigaria a abreviar a exposição posterior dos problemas básicos da
interpretação profética.
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