Estudo sobre Apocalipse 2

I. Éfeso: a igreja que voltou (2:1-7)
Estudo sobre Apocalipse 2

Essa passagem exalta as mãos e os pés de Cristo: ele conserva as estrelas (os mensageiros das igrejas) e anda em meio às igrejas em julgamento (candeeiros). Ele inicia com Éfeso, a cidade mais próxima de Patmos e grande centro comercial. O imperador libertara Éfeso, e esta recebeu o título de "metrópole suprema da Ásia". Sua construção mais importante era o grande templo de Diana, uma das sete maravilhas do mundo antigo. Ele tinha 129,5 metros de comprimento por 67 de largura e 18 de altura, com grandes portas duplas e 127 pilares de mármore, alguns cobertos com ouro. A adoração a Diana era a "imoralidade religiosa" em seu pior aspecto. Leia Atos 19— 20.

A igreja efésia tinha obras, trabalho e paciência —, mas faltava-lhe amor por Cristo. Em contraste a isso, a igreja tessalonicense foi recomendada pela "operosidade da [sua] fé, [pel]a abnegação do [seu] amor e [pel]a firmeza da [sua] esperança" (1 Ts 1:3). O que conta não é o que fazemos para Cristo, mas o motivo e o incentivo que nos impulsionam. A igreja efésia era ativa e tinha padrões espirituais elevados. Seus membros não suportavam "homens maus" e não escutavam os falsos mestres. O trabalho fora difícil, mas eles não esmoreceram. Do ponto de vista humano, era uma igreja bem-sucedida sob todos os aspectos. Algumas igrejas ativas de hoje, com sua programação intensa e seus trabalhadores fatigados, se encaixam nessa descrição.

Todavia, o Homem que estava no meio das igrejas viu o que faltava à igreja efésia: ela abandonara [não perdera] seu primeiro amor Gr 2:2). A igreja local é casada com Cristo (2 Co 11:2), e sempre há o risco do amor esfriar. Às vezes, ficamos, como Marta, tão ocupados com o trabalho para Cristo que não temos tempo para amá-lo (Lc 10:38-42). Cristo preocupa-se mais com o que fazemos com ele do que com o que fazemos por ele. O trabalho não substitui o amor. A igreja efésia era bem-sucedida para o público, mas falhara para Cristo.

Ele aconselha-a: "Lembra-te [...], arrepende-te e volta à prática das primeiras obras" (v. 5). Se voltarmos ao nosso primeiro amor, repetiremos nossas primeiras obras, aquelas obras de amor que marcaram nosso primeiro encontro com Cristo. O candeeiro da igreja será removido, se ela não voltar à condição de coração correta. A igreja local deve brilhar como uma luz no mundo. A luz se apaga sem amor verdadeiro por Cristo.

Jesus elogia essa igreja por odiar as obras dos nicolaítas. O nome grego "Nicolau" significa "conquistar o povo". Ele se refere ao desenvolvimento da classe sacerdotal (clerical) na igreja que deixa de lado os crentes comuns. Ao mesmo tempo que deve haver liderança pastoral na igreja, não deve haver distinção entre "clérigos" e "leigos", em que os primeiros assumem ares arrogantes e dominam os últimos.

II. Esmirna: a igreja sofredora (2:8-11)

Observe como cada descrição de Cristo volta ao retrato de 1:13-16 e refere-se a uma necessidade especial da igreja específica. Cristo lembra a igreja de Esmirna de seu sofrimento, morte e ressurreição porque ela é perseguida (2:8). Esmirna significa "amargo" e relaciona-se com a palavra "mirra". A pessoa pensa no aroma liberado por causa da pesada perseguição. A igreja sempre é mais pura e aromática quando passa por períodos de sofrimento.

Cristo não critica essa igreja. Os santos eram fiéis, apesar do sofrimento. Ele pensavam ser pobres, mas eram ricos, em contraste com a laodicense, que pensava ser rica e era pobre (3:17). Os falsos cristãos (da "sinagoga de Satanás"; Jo 8:44; Fp 3:2) blasfemavam (caluniavam) os santos. Satanás está por trás de toda perseguição, mesmo a realizada em nome da religião. Cristo avisa-os de que terão mais perseguição pela frente; talvez os "dez dias" (v. 10) refiram-se às dez grandes perseguições que a igreja sofreu nos séculos iniciais de sua existência. Satanás vem como leão e tenta devorar (1 Pe 5:8), mas a perseguição apenas fortalece a igreja.

O inimigo matará o corpo, porém os santos não precisam temer a segunda morte, que é o inferno (20:14; 21:8). Os que nasceram duas vezes morrerão apenas uma vez. Aqueles que nasceram apenas uma vez morrerão duas vezes.

III. Pérgamo: a igreja mundana (2:12-17)

Pérgamo significa "casado", e essa igreja casou-se com algumas doutrinas e práticas erradas. Ela apresentava três problemas sérios:

A. O trono de Satanás (v. 13)
Essa passagem refere-se às "seitas misteriosas" da Babilônia que estabeleceram seus "quartéis-generais" em Pérgamo. Entre elas, estava a adoração ao imperador, que exerceu um papel importante nessa cidade pagã.

B. A doutrina de Balaão (v. 14; veja também Nm 2 2 —25)
Balaão foi um profeta mercenário que levou o povo de Israel ao pecado em troca de riqueza e de prestígio. Ele encorajou Israel a adorar ídolos pagãos e incentivava a prostituição. A igreja de Pérgamo casara=se com o mundo a fim de conseguir vantagens mundanas.

C. A doutrina dos nicolaítas (v. 15; veja também v. 6)
O que se iniciou como "obras" em uma igreja, agora estabelece-se como doutrina em outra. Essa igreja dividiuse entre "sacerdotes" e "pessoas".

IV. Tiatira: a igreja impenitente (2:18-29)

Os olhos de fogo e os pés de bronze vêem e julgam, mas essa igreja perversa não se arrepende. A igreja tinha obras, serviço e perseverança, mas estava cheia de pecado. Nessa passagem, temos Jezabel, a rainha perversa, esposa do rei Acabe (1 Rs 16— 2 Rs 10), a única mulher mencionada nas sete cartas. Ela era pagã, filha de um sacerdote de Baal, e promoveu a adoração a este em Israel. Ela era culpada de "prostituição" e de "feitiçaria [...]" (2 Rs 9:22) e também de idolatria, assassinato, fraude e de se declarar profetisa. E a igreja de Tiatira seguia o exemplo e a liderança dela!

Veja que essa falsa profetisa da igreja usava doutrinas falsas para seduzir (enganar) o povo de Deus. Ela deu-lhes licença para pecar (veja 2 Pe 2 e Jd). A tragédia é que, embora Deus lhe dê oportunidade, ela não se arrepende. Nunca é tarde para a igreja se arrepender e voltar ao Senhor, porém devemos estar atentos para não perder as oportunidades oferecidas por Deus.


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