Estudo sobre Apocalipse 15

Estudo sobre Apocalipse 15
João apresenta uma cena do céu (caps. 4— 5) antes da abertura dos selos e uma visão semelhante antes do soar das trombetas (8:1-6). João fita essas cenas:

I. Os vitoriosos e o cântico deles (15:1-4)

Já encontramos esses santos, eles são os crentes do período da tribulação que se negaram a dobrar os joelhos perante a besta e perderam a vida por causa de Cristo (12:11; 13:7-10). João os vê vitoriosos, em pé, no mar de vidro do céu. De imediato, Êxodo 15 nos vem à mente, quando Deus, em vitória, libertou Israel da escravidão egípcia. Por favor, perceba que, agora, o mar de vidro está mesclado com fogo; em 4:6, o mar de vidro era cristalino. O fogo lembra que, agora, está para se revelar a cólera de Deus (Hb 12:29).

João retrata esses santos como "os vencedores da besta", embora tenham perdido a vida por causa da fé! Eles foram mortos por causa de Cristo ao não aceitar a marca da besta e não a adorar, mas encontram a si mesmos de novo ao ser mortos! O cristão é vitorioso mesmo que morra em seu testemunho, e não um perdedor. Mais uma vez, vemos os santos entoarem cânticos no mar de vidro; Apocalipse 20:4 mostra a ressurreição do corpo deles para que possam reinar com Cristo durante o milênio. Nós reinamos com Cristo, se sofremos por ele (2 Tm 2:12).

Em 14:3, os 144.000 judeus entoavam um novo cântico que ninguém mais podia entoar; porém, agora, temos o cântico de Moisés e o do Cordeiro. É provável que o cântico de Moisés seja o de vitória que Israel entoou após a travessia do mar Vermelho (Êx 15), embora alguns estudiosos pensem que esse cântico ecoe as palavras finais de Moisés, em Deuteronômio 31— 32. Prefiro a primeira opção. Observe que Salmos 118:14 e Isaías 12:2 repetem o refrão: "O Senhor é a minha força e o meu cântico; ele me foi por salvação" (Êx 15:2). Em cada um desses casos, houve libertação para Israel. Os judeus entoaram o cântico de Moisés quando foram libertados do Egito, e também quando retornaram para sua terra após o cativeiro, pois é muito provável que o salmo 118 tenha
sido escrito após terem retornado da Babilônia. Isaías 12 olha para o futuro, para o tempo em que Israel se reagrupará e voltará para sua terra; portanto, em cada um desses casos, o cântico celebra a libertação da nação. Em Êxodo 15, o povo de Deus estava em um mar da terra e, aqui, está em um mar celestial. Em Êxodo, o sangue do cordeiro da Páscoa libertou-os; aqui, eles derrotam a besta "por causa do sangue do Cordeiro" (12:11). Lembre-se que eles também entoam o cântico do Cordeiro, e não apenas o de Moisés. Apocalipse usa muito o título de "Cordeiro" para Cristo, pelo menos, 30 vezes. Essa passagem apresenta uma união magnífica do Antigo e Novo Testamentos, de Moisés e do Cordeiro. A Lei de Deus é justificada, e sua graça está em operação. Cumprem-se a antiga e a nova alianças quando Cristo julga as nações e prepara-se para reinar. Veja a origem do cântico apresentado nos versículos 3-4 ao verificar Salmos 90:1-2; 92:5; 145:17; 86:9; 98:2 e 111:9. Para a igreja, Cristo é o Noivo, o Cabeça do corpo, o Rei-Sacerdote, como Melquisedeque.

II. As taças e a conseqüência delas (15:5-8)

O versículo 1 indica que os anjos com as taças (cálices) carregam as últimas sete pragas. Lembre-se que, em 10:7, Cristo anunciou que se cumpriria o "mistério de Deus" com o derramamento das sete taças e não haveria mais demora. O Senhor completará sua cólera com esses sete últimos julgamentos. Nessa época, Satanás despeja sua ira terrível sobre os crentes, especialmente os judeus (12:12ss), porém a última palavra será de Deus.

Mais uma vez, abre-se o templo do céu; veja 11:19. A besta apossou-se do templo terreno (13:13ss; 2 Ts 2:3-4), contudo não pode tocar no templo celestial, apenas blasfemá-lo (13:6). A abertura do templo é outro lembrete de que Deus manterá a aliança com seu povo, Israel. Muitos crentes judeus fugiram para Edom, Moabe e Amom, cidades em que Deus os protegerá. Outros morrerão por causa da fé, como também muitos gentios.

Sete anjos saem do templo. Sete é o número de conclusão, e completa-se o julgamento de Deus  sobre a terra depois que os sete anjos derramarem essas taças da cólera. Os anjos saem do Santo dos Santos, onde estão guardadas a arca e as tábuas da Lei. O mundo perverso desafiou a Lei do Senhor e lhe desobedeceu e, agora, chega o julgamento. A vestimenta dos anjos indica santidade e realeza. O "linho puro" lembra a vestimenta dos sacerdotes do Antigo Testamento; as cintas de ouro falam do rei. Outro lembrete de que os santos de Deus são "reino [e] sacerdotes" (Ap 1:6), um sacerdócio real. A vestimenta deles também nos leva à descrição de Cristo apresentada em 1:3, pois
ele é o Sumo Sacerdote "segundo a ordem de Melquisedeque".

Um dos seres viventes entrega as taças da cólera aos anjos. Toda a natureza (simbolizada pelos seres viventes) experimentará a cólera de Deus.

Agora, o templo enche-se de fumaça proveniente da glória de Deus. No Antigo Testamento, a glória de Deus encheu a tenda (Êx 40:34-35) na consagração do tabernáculo, como também encheu o templo quando, no Antigo Testamento, foi consagrado (2 Cr 7:1-4). Durante esses eventos, não houve fumaça como manifestação da glória. Todavia, aqui, há fumaça, em geral um sinal de julgamento (9:2). Toda a casa encheu-se de fumaça quando o profeta Isaías viu a glória de Deus (Is 6:4). Isso aconteceu porque a mensagem de Isaías era de julgamento, como também de misericórdia. João afirma que ninguém podia entrar no templo até que se derramassem as taças da cólera do Senhor. Nenhum santo ou anjo podia entrar no templo para interceder pelas nações do mundo. As nações estão "além da intercessão", acabou-se a longanimidade de Deus, e seu julgamento está para cair.

Os estudiosos de profecias não concordam em relação à organização cronológica dos selos, das trombetas e das taças. Muitos estudiosos acreditam que esses três conjuntos de julgamentos seguiram-se um ao outro: os sete selos levaram às trombetas, e essas, às taças, como três partes de um telescópio. Se isso for verdade, então as sete trombetas e as sete taças estão contidas no sétimo selo. Isso poderia sugerir que, na verdade, os sete selos são abertos ao longo dos sete anos da tribulação, e, no final, as trombetas e as taças vêm em rápida sucessão. William R. Newell, em seu magnífico comentário sobre Apocalipse, sustenta que os primeiros seis selos serão abertos nos primeiros três anos e meio da tribulação, e o sétimo selo (que inclui as trombetas e as taças), na última parte da tribulação.


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