Estudo sobre Apocalipse 5
A
palavra "livro" (v. 1) refere-se a um pergaminho; naquela época, não existia
livro encadernado. O pergaminho era feito do junco que crescia ao longo dos
rios e custava muito caro. Esse pergaminho específico é o documento que
comprova que Cristo fez e possui a criação. O testamento romano era lacrado com
sete selos; esse pergaminho é a determinação, ou testamento, que dá a Cristo o
direito de reivindicar a criação em virtude de seu sacrifício (v. 9). Apenas o
herdeiro pode abrir o testamento, e Cristo é o "herdeiro de todas as coisas"
(Hb 1:2). Alguns estudiosos pensam que o pergaminho contém os julgamentos
relatados nos capítulos 6— 9. O fato de o pergaminho ser escrito dos dois lados
evidencia que o destino do mundo pecaminoso está selado; nada mais pode ser acrescentado
ao pergaminho. Temos de compreender o sistema judaico de propriedade de terra para
entender essa cena. O homem que ficava pobre e tinha de vender sua terra ou a
si mesmo podia ser redimido por um parente resgatador. O relato de Rute
baseia-se nessa lei; veja também Jeremias 32:6-15 e Levítico 25:23-25. Esse
resgatador tinha de ser um parente próximo que estivesse disposto a comprar a propriedade
e tivesse recursos para isso, vindo, assim, libertar o parente. Toda a criação
está sob a escravidão do pecado, de Satanás e da morte; porém, agora, Cristo,
nosso Parente-Redentor, libertará a criação.
Deus
deixa evidente que apenas Cristo pode redimir. Nenhum santo em glória, nenhuma
pessoa sobre a terra, nenhuma alma no mundo da morte poderia pegar esse livro.
Ninguém é digno para fazer isso. João chorou por várias razões: (1) ele ansiava
por ver a criação livre da escravidão; (2) queria o cumprimento da promessa de
4:1; (3) sabia que nunca se cumpririam as promessas do Antigo Testamento para
Israel, a menos que o livro fosse aberto. João compartilha o
"gem[ido]" de Romanos 8:22-23. Um dos anciãos acabou com suas
lágrimas ao apontar para Cristo. O "Leão" (v. 5) leva-nos a Gênesis
49:8-10 e fala da realeza de Jesus na família de Davi. A "Raiz de
Davi" refere-se à divindade dele, Aquele por meio de quem Davi veio (Is
11:1,10). Cristo é digno de abrir o livro porque "venceu"
(2:7,11,17,26, etc.), "conquistou" (6:2, NTLH); ou foi o
"vencedor" (15:2). O Cordeiro venceu (17:14)!
II.
O Cordeiro morto (5:6-10)
João
procurou um leão, mas viu um Cordeiro. O Leão e o Cordeiro mostram as duas
ênfases das profecias do Antigo Testamento: Cristo, como Leão, conquista e
reina; como Cordeiro, morre pelos
pecados do mundo. Não podemos separar o sofrimento e a glória (Lc 24:26; 1 Pe 1:11)
nem a coroa e a cruz. É digno de nota o fato de Apocalipse referirse 30 vezes a
Cristo como Cordeiro. Na verdade, poderíamos resumir a Bíblia na trilha do tema
do cordeiro. Em Gênesis 22:7, Isaque pergunta: "Onde está o
cordeiro?", e João Batista responde: "Eis o Cordeiro de Deus" Oo
1:29). Agora, João escreve: "Digno és [o Cordeiro]". Veja também
Êxodo 12 e Isaías 53.
O
significado literal da palavra "morto" é "cortado na garganta para
um sacrifício". Cristo não foi apenas morto, foi oferecido como sacrifício.
A morte e a ressurreição dele provam que é digno de pegar o livro e de abrir os
selos. Os anciãos (representantes da igreja glorificada) entoam louvores a ele
e magnificam sua morte pela redenção de toda a criação. O céu entoa cânticos
que falam da cruz. As taças com incenso tipificam as orações do povo de Deus
(SI 141:2; Lc 1:10). Isso não quer dizer que os cristãos sobre
a
terra têm acesso aos crentes que agora estão no céu. "Venha o teu
reino" (veja Mt 6:10). As passagens 6:9-11 e 8:1-6 afirmam que, um dia,
Deus responderá à oração de seu povo que sofreu perseguição e provação por
causa da fé que confessam. Há centenas de anos, o povo de Deus ora pelo retorno
de Cristo e pela correção dos erros no
mundo;
um dia, Deus responderá a essas orações. A expectativa deles é de que
"reinarão sobre a terra" (v. 10). Essa é outra prova de que, um dia,
Cristo reinará sobre um reino real na terra. Veja 20:4.
III.
As hostes proclamadoras (5:11-14)
Os
anciãos entoam cânticos, mas os anjos "proclamam em grande voz". A
Bíblia não apresenta nenhuma evidência de que os anjos cantem. Jó 38:7 afirma
que, na criação, "rejubilavam todos os filhos de Deus [anjos]", não
que entoavam cânticos. Lucas 2:13-14 relata que os anjos do Natal louvaram a
Deus "dizendo", não cantando. No céu, multidões de anjos juntaram as
vozes em um grande clamor de louvor quando o Cordeiro pegou o livro, mas não cantaram.
O cantar é um privilégio reservado aos santos do Senhor que vivenciaram a
alegria da salvação. Os anjos podem fazer muitas coisas que os santos não
podem; todavia, não podem vivenciar a
salvação nem entoar cânticos de louvor ao Cordeiro com os santos. Veja Daniel
7:10 a respeito do número de anjos.
Apenas
Cristo é digno de louvor. É interessante contrastar essa doxologia com a vida
terrena de Cristo. Seus inimigos disseram que merecia morrer Qo 19:7), porém os
anjos dizem que é digno de louvor. Os homens o acusaram de trabalhar por meio
do poder de Satanás (Mt 12:24), todavia os anjos proclamam que é digno do
poder. Ele merece todas as riquezas, apesar de se ter feito pobre por nossa
causa (2 Co 8:9). Para o pecador, "a palavra da cruz é loucura" (1 Co
1:18), mas para os anjos é sabedoria. Na terra, Jesus "foi crucificado em
fraqueza" (2 Co 13:4), mas, no céu, é proclamado "em grande voz"
por seu poder. Ele, embora desonrado na terra, foi honrado em glória. Hoje, ele
é tanto o receptáculo como o doador de bênçãos.
Toda
a criação se juntou para honrar ao Senhor Jesus Cristo após o louvor dos anjos.
A expressão "toda criatura" sugere que toda a criação antecipa a
redenção que virá quando, por fim, Cristo derrotar o inimigo e estabelecer seu
reino.
Compare
o versículo 13 com Filipenses 2:10-11 e com Colossenses 1:20. Toda a criação
louva o Deus Pai e o Deus Filho; veja João 5:23. Muitas pessoas dizem:
"Adoro a Deus, mas não a Jesus Cristo". Ignorar Cristo é um insulto
ao Pai. No céu, todo anjo e todo santo arrebatado honrarão e louvarão o Pai e o
Filho.
Cristo
está para abrir os selos do livro e derramar julgamento sobre o mundo. Tenha em
mente o propósito duplo da tribulação: (1) punir as nações por seus pecados, principalmente
pela forma como trataram Israel; e (2) purgar Israel e preparar um remanescente
crente para receber Cristo quando vier em glória (Ap 19:11). Os habitantes da
terra ignoram essa cena gloriosa que acontece no céu. Eles, como nos dias de
Noé e de Ló, seguem seu caminho, e comem, e bebem, e ignoram as admoestações de
Deus.Por isso, o Cordeiro abrirá o livro, e o julgamento cairá sobre a terra. É
muito importante que você seja salvo agora, enquanto ainda há
oportunidade para isso!
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