I.
O novo céu e a nova terra (21:1-2)
A
palavra grega para "novo" significa mais "novo em caráter"
que "em tempo", e isso sugere que Deus renovará os antigos céu e
terra e eliminará tudo que é pecaminoso e destrutivo. Em 2 Pedro 3:7-10,
informa-se que um julgamento severo realiza essa renovação da antiga criação.
No versículo 1, "passar" não significa "destruir". O fato
de não haver mais mar é importante, já que João estava exilado em uma ilha e
separado das pessoas que amava. Hoje, dois terços do globo são constituídos de
água, portanto Deus instituirá um sistema totalmente novo de suprimento de água
na nova terra.
II.
O novo povo de Deus (21:3-8)
Acontecerão
mudanças maravilhosas quando entrarmos na eternidade! Deus habitará
pessoalmente com seu povo de forma gloriosa e íntima. Não haverá mais lágrima,
morte e dor. Tudo isso entrou no mundo pelo pecado (Gn 3); todavia, agora, a
maldição é eliminada (22:3). A frase "Tudo está feito", proferida por
Deus, faz paralelo com a declaração "Está consumado", proferida por Cristo
Oo 19:30). O mesmo Senhor que iniciou a criação finalizou-a: ele é o Alfa e o
Ômega (a primeira e a última letras do alfabeto grego). O versículo 8 faz uma
declaração solene de que nem todos entrarão nessa nova criação: os covardes que
não confessaram Cristo, os que não creram nele, os que seguem a multidão e
pecam. Perceba que Deus põe os "covardes" no topo da lista. As
pessoas ficam propensas a cometer qualquer tipo de pecado como resultado do
medo de assumir uma posição a favor de Cristo.
III.
A nova Jerusalém (21:9-27)
O
versículo 2 sugere que essa cidade celestial pairará sobre a terra durante o
milênio e, quando a nova criação for anunciada, ela descerá. A cidade
identifica-se com o povo de Deus; ela é vista como uma noiva. Lembre-se que o
capítulo 17 retratou o sistema babilônico como uma meretriz. Afinal, o que
constitui uma cidade não são seus edifícios, mas as pessoas que vivem nela. Em
Gênesis 4:1 7, o rebelde Caim deixou a presença de Deus e construiu uma cidade;
no entanto, o devoto Abraão "aguardava a cidade [...] da qual Deus é o arquiteto
e edificador" (Hb 11:10). Essa cidade é a nova Jerusalém. Veja que essa
cidade une o povo de Deus do Antigo e do Novo Testamentos, Israel e a igreja.
As portas da cidade têm o nome das doze tribos, e existem doze
"fundamentos" com o nome dos apóstolos. (A respeito dos apóstolos,
veja Ef 2:20 e Mt 19:28.) As dimensões da cidade confundem nossa imaginação. "Quadrangular"
significa "todos os lados iguais", quer dizer, a cidade é um cubo
perfeito, um "Santo dos Santos" radiante com a presença de Deus. Ou
poderia também ser uma pirâmide. De qualquer forma, a cidade mede 2.200
quilômetros de cada lado ou dois terços do tamanho dos Estados Unidos! As belas
cores das pedras (vv. 18-20) sugerem a "multiforme graça de Deus" (1
Pe 4:1 0). Consulte seu dicionário bíblico para saber as cores dessas pedras. Faltam muitas coisas nessa cidade: um templo,
a luz natural e a noite. Como Deus habita pessoalmente com seu povo, não há
necessidade de templo. A glória dele substitui a glória do sol, da lua e das estrelas.
Na Bíblia, noite simboliza morte, pecado e dor; essas coisas foram banidas para
sempre da cidade. De todas as partes do universo renovado, as pessoas terão
acesso a essa cidade! Essa nova terra terá nações (v. 24; veja também 22:2). A
glória de todas essas nações será levada a Deus, a quem elas pertencem.
IV.
O novo paraíso (22:1-5)
Nessa
nova criação, Deus anula todas as tragédias que o pecado trouxe à criação
original. O paraíso e a terra antigos submergiram no julgamento, e os novos
paraíso e terra resplandecem em perfeição. O Éden tinha um rio terreno (Gn
2:10-14), e, aqui, temos um maravilhoso rio celestial. A árvore da vida do Éden
passou a ser guardada depois que o homem pecou (Gn 3:24), mas todo o povo de
Deus tem acesso à do céu. Gênesis 3:14-1 7 narra a respeito da maldição que
Deus lançou; agora, não há mais nenhuma maldição. Adão e Eva foram obrigados a
deixar o paraíso original e a trabalhar para sobreviver; aqui, os homens servem
a Deus e vêem sua face em perfeita comunhão. O primeiro casal tornou-se escravo
e perdeu a realeza quando pecou; contudo, o versículo 5 indica que recuperaremos
a realeza e reinaremos com Cristo para sempre!
A
presente criação não é o produto final de Deus. Ela geme e se angustia sob a
escravidão do pecado (Rm 8:18-23). Mas, um dia, Deus anunciará sua nova
criação, e desfrutaremos de vida plena e de liberdade total para sempre.
V.
A mensagem final (22:6-21)
No
final do relato, o Senhor Jesus Cristo diz três vezes: "Eis que venho sem
demora" (vv. 7,12,20). "Sem demora" sugere
"prontamente". Isso quer dizer que não haverá mais adiamento
quando esses eventos começarem a acontecer. Não sabemos quando Cristo virá, mas
é bom estarmos preparados.
Em
Daniel 12:4, o profeta recebe ordem para selar o livro; João, por outro lado,
recebe ordem para não selar o livro porque "o tempo está próximo" (v.
10). Levará muito tempo para que se cumpram as palavras de Daniel, porém a
profecia de João será cumprida logo. O versículo 11 não é uma incitação para
que os pecadores não mudem; caso contrário, o versículo 1 7 seria uma zombaria.
Ao contrário, é uma advertência de que o pecado contínuo define o caráter e
determina o destino da pessoa. Daniel 12:10 afirma: "Os perversos
procederão perversamente". Nosso verdadeiro caráter se revelará quando
Cristo retornar. Outra lição desse versículo é que a pessoa toma as próprias decisões;
Deus não a força a ser perversa nem justa. Compare 22:15 com 21:8.
Os
versículos finais desse relato apresentam um pedido, uma oração e uma promessa.
Nos versículos 7 e 12, o Senhor diz: 'Eis que venho sem demora". No
versículo 17. o Espírito e a noiva dizem ao Senhor Jesus: "Vem!". O
Espírito ora. por intermédio da igreja, pelo retomo do Salvador. A alma perdida
recebe um convite: ‘ Vem! Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba de
graça a água da vida"! A última oração da Bíblia é do Espírito Santo, feita
por intermédio de João: "Vem, Senhor Jesus"! Essa também deve ser
nossa oração diária.
Os
versículos 18-19 advertem sobre a adulteração da Palavra de Deus. Satanás ama
que os homens acrescentem à Palavra ou retirem algo dela, mas fazer isso é
pedir julgamento. Leia Deuteronômio 4:2 e Provérbios 30:5-6. Na época de João,
os livros eram copiados à mão, e talvez o copista ficasse tentado a editar ou a
emendar o material. Até hoje, as pessoas acrescentam suas teorias e tradições à
Palavra do Senhor, ou ajustam tudo aquilo que não se harmoniza com seus sistemas
teológicos. Sem dúvida, as
advertências
de João incluem toda a Bíblia, embora se refiram especificamente ao relato de
Apocalipse. Assim, termina o último livro da Bíblia, o livro das últimas
coisas. Não há melhor forma para terminar esse estudo que com a oração do Espírito:
"Vem, Senhor Jesus"!
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