Estudo sobre Apocalipse 10

Estudo sobre Apocalipse 10
Esse capítulo traz-nos ao período intermediário da tribulação (veja o esboço). De acordo com Daniel 9:27, esse é o período em que a besta quebra seu acordo com Israel e mostra sua fúria satânica. Note também que as duas testemunhas ministram durante os primeiros três anos e meio da tribulação (11:3); o remanescente judeu é protegido por Deus nos últimos três anos e meio de tribulação (12:6,14); a besta tem autoridade mundial nesse período final (13:5); Satanás desce à terra pelo período de três anos e meio e desencadeia uma perseguição terrível contra os crentes (12:12); e Jerusalém é massacrada pelos gentios nesses três anos e meio (11:2). Notamos um intervalo entre a sexta e a sétima trombetas (10:1 — 11:14). A sétima trombeta introduzirá as sete taças da cólera de Deus e os últimos três anos e meio da tribulação ("a ira de Deus").

I. A aparência do anjo (10:1 -4)

Em 5:2, João viu "um anjo forte" e, agora, ele vê "outro anjo forte"; é mais plausível que esse mensageiro celestial seja Jesus Cristo, o Anjo do Senhor. Os símbolos usados nessa passagem trazem-nos à memória a descrição do Cristo glorificado de 1:12-16. A nuvem e o arco-íris referem-se a 1:16; as pernas como colunas de fogo, a 1:15; o rosto como o sol, a 1:16. Com certeza, a voz como rugido de leão refere-se a 5:5; veja também Oséias 11:10 e Joel 3:16. Essa é a voz que anuncia a chegada do julgamento, não uma voz graciosa que convida. Apocalipse 11:3, talvez, apresente a melhor evidência de que esse anjo é Cristo, pois nessa passagem ele diz: "Darei às minhas duas testemunhas...". Portanto, eis aqui Cristo, o Anjo do Senhor, que anuncia que Deus apressa sua obra e cumprirá seu propósito para a terra.

O livrinho (v. 2) contrasta com o livro de 5:1. Esse livrinho está aberto, e o outro estava selado. Os versículos 9-11 indicam que esse é um livro de profecias; o versículo 7 deixa evidente que os profetas anunciaram o conteúdo do livro. Essas profeotófclevem se relacionar com Israel, os judeus e Jerusalém, já que os profetas do Antigo Testamento não falavam das verdades da igreja, e o capítulo 11 e os seguintes falam exatamente desses temas. Talvez esse livrinho seja a mensagem selada de Daniel 12:4,9 que, agora, é aberta a fim de que se cumpra.

O Senhor declara, por assim dizer, que todos da terra e dos mares permaneçam na terra e nos mares. Leia Josué 1:1-3. Não sabemos o que ele disse nem o que os trovões revelaram (veja 1 Sm 7:10 e SI 29). E inútil especular a respeito disso. Ordena-se que João sele (não revele) as palavras dos trovões; essa é a única revelação selada nesse relato. Essa visão de Cristo deixa claro que ele está no controle, e cumprirá os propósitos de Deus, e reivindicará sua herança.

II. O anúncio do anjo (10:5-7)

Essa cena solene inicia-se quando Cristo levanta as mãos e afirma que já não haverá demora (não "tempo"). Agora, responde-se à pergunta das almas sob o altar ("Até quando?"; 6:10-11): já não haverá demora! Hoje, os zombadores perguntam: "E a prometida vinda dele? Por que Deus não está fazendo alguma coisa?" (2 Pe 3). Esse período atual de demora é a oportunidade de salvação para o pecador! Cristo afirma que, nos dias do soar da sétima trombeta (11:15-19), Deus terminará seu plano. O termo "mistério" (v. 7) significa uma verdade que Deus deixou escondida. O homem mortal não consegue entender por que o pecado e o sofrimento estão no mundo, e os santos honestos sofrem, enquanto os pecadores desobedientes estão livres. Tenhamos certeza de que Deus endireitará essas coisas e completará seu plano. Leia com atenção 11:18 — e sinta-se confortado!

Algumas pessoas pensam que o "mistério de Deus" está no livrinho. Talvez esteja. O que sabemos é que Deus tem o controle da história e, no fim, fará com que o bem triunfe sobre o mal.

III. A posse do livro (10:8-11)

Não é suficiente que João veja o livrinho nas mãos de Cristo ou até que conheça seu conteúdo; ele precisa apropriar-se dele, torná-lo parte de seu ser interior. Veja eventos similares em Ezequiel 2— 3 e em Jeremias 15:16. A Palavra de Deus é nosso alimento (Mt 4:4; SI 119:103); antes que ela possa nos fazer qualquer bem, precisamos assimilá-la. E bom ler e estudar a Bíblia, mas também precisamos memorizar a Palavra e digeri-la em nosso interior por intermédio do poder do Espírito.

O ato de comer o livrinho tem um efeito duplo sobre João: ele tem um sabor doce, mas é amargo ao estômago, semelhante ao efeito da espada de dois gumes que é a Palavra (Hb 4:12). Desfrutamos das bênçãos da Palavra, mas também temos de sentir o seu peso. João foi abençoado com o conhecimento de que Deus cumpriria suas promessas; todavia, sentiu amargor ao perceber o sofrimento que sobreviria nos três anos e meio seguintes da tribulação.

Digerir a Palavra preparou João para a continuidade de seu ministério como profeta. Que lição para nós, como testemunhas! É trágico quando tentamos servir ao Senhor e falar por ele sem antes reservarmos um tempo para nos apropriar da Palavra dele! Só podemos compartilhá-la com os outros quando ela fizer parte de nosso ser interior. E muito importante que os santos reservem um tempo diário para ler e absorver a Palavra. O versículo 11 afirma que João deve profetizar a respeito de "muitos povos, nações, línguas e reis". As seções seguintes de Apocalipse referem-se, muitas vezes, às nações, pois Satanás as incitará e as preparará para a campanha do Armagedom (1 6:12-14).


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